Muito além de uma caminhada de longo curso com belíssimas paisagens, extensos campos de altitude e imponentes cachoeiras, a Travessia do Vale do Pati ainda oferece outro atrativo igualmente enriquecedor: a vivência com os nativos e a experiência de fazer parte de um roteiro altamente sustentável que possibilitou a permanência dessas famílias dentro dos limites do Parque Nacional. Diferente da maior parte da Chapada Diamantina, que viveu a ascensão com a exploração diamantífera, o Vale do Pati experimentou o apogeu sócio-econômico cultivando grandes plantações de café. Tal época de ascensão manteve centenas de famílias com uma modesta estrutura de escola, comércio e serviços, que após o declínio do cultivo, junto à Crise de 1929, abandonaram o Vale e migraram para algumas cidades do entorno do Parque e até mesmo para grandes capitais para trabalharem em construções civis. As poucas famílias que resistiram à essa decadência, encontraram no ecoturismo a oportunidade de permanecerem no Vale do Pati, de maneira sustentável. A agricultura extensiva saiu de cena e deu espaço para a consciência ecológica. A preservação da natureza atraiu visitantes de diversos países. E essa rica história, os saberes de famílias tradicionais e a cultura de um povo que vive isolado no coração da Chapada Diamantina é repassada pelos próprios atores locais, em pernoites e refeições típicas que acontecem dentro das suas casas.